Vagante
A rua estava
escura, a merce da luz de um postinho distante que abria até mais
tarde, visto que a luz das estrelas e da lua estavam cobertas por
muitas nuvens escuras. A chuva caía calma e tranquilamente como uma
leve garoa, e não chegava a incomodar o único homem que se atrevia
a perambular àquela hora da noite. Alcoolizado, se sentia um tanto
tonto, e a única coisa que se lembrava era de seu nome, José Pedro,
e da bebida que o dominara: um conhaque barato com o qual já
estava familiarizado. Não se lembrava de mais nada, mas sabia que
estava feliz por poder vagar sem rumo e sem preocupações, sereno.
Não era ninguém,
e estava gostando da ideia.
Então, tropeçou
num malévolo meio-fio, e deu-se por derrotado. Não estava, afinal,
em condições de parar em pé, então sentou-se, aproveitando o
cheiro da garoa e a fresca brisa da madrugada. Aquilo não aparentava
ser algo ruim, apenas um tranquilo passeio da madrugada. Pode até
ser um pouco arriscado cambalear alcoolizado por aí, mas a sensação
de bem-estar que isso traz fala mais alto. Fala mais alto que
qualquer outra coisa.
Jorge Pedro estava
adorando o seu passeio.
- Bruno Lange
- Bruno Lange
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