quinta-feira, 25 de junho de 2015

Vagante


    A rua estava escura, a merce da luz de um postinho distante que abria até mais tarde, visto que a luz das estrelas e da lua estavam cobertas por muitas nuvens escuras. A chuva caía calma e tranquilamente como uma leve garoa, e não chegava a incomodar o único homem que se atrevia a perambular àquela hora da noite. Alcoolizado, se sentia um tanto tonto, e a única coisa que se lembrava era de seu nome, José Pedro, e da bebida que o dominara: um conhaque barato com o qual já estava familiarizado. Não se lembrava de mais nada, mas sabia que estava feliz por poder vagar sem rumo e sem preocupações, sereno.
    Não era ninguém, e estava gostando da ideia.
    Então, tropeçou num malévolo meio-fio, e deu-se por derrotado. Não estava, afinal, em condições de parar em pé, então sentou-se, aproveitando o cheiro da garoa e a fresca brisa da madrugada. Aquilo não aparentava ser algo ruim, apenas um tranquilo passeio da madrugada. Pode até ser um pouco arriscado cambalear alcoolizado por aí, mas a sensação de bem-estar que isso traz fala mais alto. Fala mais alto que qualquer outra coisa.
    Jorge Pedro estava adorando o seu passeio.

    - Bruno Lange

Nenhum comentário:

Postar um comentário